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AUTOCOMPAIXÃO COMO PROMOTORA DE SAÚDE MENTAL

BOEHM, Christopher ¹; FRANCO, Renato Soleiman ²
Curso do(a) Estudante: Medicina – Escola de Medicina e Ciências da Vida – Câmpus Curitiba
Curso do(a) Orientador(a): Medicina – Escola de Medicina e Ciências da Vida – Câmpus Curitiba

INTRODUÇÃO: A compaixão, compreendida como a sensibilidade ao sofrimento do outro e o desejo de aliviá-lo, tem importância reconhecida em tradições filosóficas, religiosas e na prática médica. Nas últimas décadas, a autocompaixão — capacidade de tratar a si mesmo com gentileza em momentos de sofrimento — ganhou destaque na literatura científica, sendo associada à melhora da saúde mental. Apesar disso, a relação entre autocompaixão e compaixão pelo outro ainda é controversa, especialmente no que diz respeito ao seu impacto conjunto no bem-estar psicológico. Enquanto a autocompaixão mostra efeitos consistentes na redução de sintomas de depressão, estresse e ansiedade, os efeitos da compaixão pelo outro permanecem mais ambíguos. A literatura carece de revisões que investiguem de forma integrada esses dois construtos e sua associação com a saúde mental. OBJETIVOS: Analisar, por meio de uma revisão de escopo, a relação entre autocompaixão, compaixão pelo outro e saúde mental. Buscou-se também identificar as escalas utilizadas e analisar suas correlações. MATERIAIS E MÉTODO: Foi realizada uma revisão de escopo seguindo as diretrizes do PRISMA-ScR. As bases PubMed e Web of Science foram consultadas até julho de 2025, utilizando os termos “self-compassion”, “compassion”, “association”, “correlation” e equivalentes. Foram incluídos estudos empíricos (transversais ou longitudinais) que aplicassem escalas validadas de autocompaixão, de compaixão pelo outro e de saúde mental. Estudos teóricos, pôsteres e textos em línguas diferentes do inglês foram excluídos. O processo de seleção foi feito por dois revisores de forma independente, e os dados extraídos foram organizados em planilha padronizada. RESULTADOS: Foram inicialmente identificados 5096 artigos únicos, dos quais 11 preencheram os critérios de inclusão. As amostras totalizaram 6103 participantes, oriundos majoritariamente de países ocidentais. As escalas mais utilizadas foram a Self-Compassion Scale para autocompaixão e a Compassion Scale para compaixão pelo outro. As correlações entre autocompaixão e compaixão pelo outro variaram de inexistentes a fortes, sugerindo uma provável relação interdependente, porém complexa. Três estudos com análises de regressão demonstraram que a combinação equilibrada de autocompaixão e compaixão pelo outro foi preditora significativa de bem-estar mental, mais do que cada uma isoladamente. Homens tendem a apresentar níveis mais altos de autocompaixão, enquanto mulheres demonstram mais compaixão pelo outro. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A revisão aponta que autocompaixão e compaixão pelo outro são construtos distintos, porém interligados, cujos efeitos sobre a saúde mental são mais eficazes quando em equilíbrio. A autocompaixão mostrou relação mais consistente e robusta com o bem-estar, mas sua interação com a compaixão ao outro amplifica os efeitos positivos. Os achados indicam a necessidade de instrumentos que avaliem ambas as dimensões de forma integrada e de mais estudos que explorem as implicações clínicas e culturais dessas relações. Intervenções que promovam ambas as formas de compaixão podem representar estratégias eficazes para o fortalecimento da saúde mental.

PALAVRAS-CHAVE: Autocompaixão; Compaixão pelo outro; Saúde mental; Bem-estar mental; Mindfulness.

APRESENTAÇÃO EM VÍDEO

Legendas:
  1. Estudante
  2. Orientador
  3. Colaborador
Esta pesquisa foi desenvolvida com bolsa CNPq no programa PIBIC.

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