ASSOCIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DE SOFRIMENTO MENTAL COM O PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DOS ESTUDANTES DA ÁREA DA SAÚDE
INTRODUÇÃO: O sofrimento mental entre estudantes universitários da área da saúde é uma problemática crescente, decorrente tanto de demandas acadêmicas, como aspectos sociodemográficos. A literatura aponta prevalência elevada de sintomas de ansiedade e depressão nesse grupo, frequentemente superiores aos índices da população geral. Pressões financeiras e a percepção negativa da própria situação econômica surgem como determinantes importantes, podendo intensificar quadros de transtornos mentais comuns (TMC). Estudos prévios indicam que menor status socioeconômico está relacionado a piores indicadores de saúde mental, pior qualidade de sono e desempenho acadêmico reduzido. OBJETIVOS: Analisar a prevalência de sofrimento mental associado ao perfil sociodemográfico de estudantes da área de saúde de uma universidade privada no Paraná. MATERIAIS E MÉTODO: Trata-se de estudo transversal, unicêntrico, com abordagem quantitativa. Participaram 186 estudantes de doze cursos da área de Ciências da Vida. A coleta ocorreu online e presencialmente, mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, utilizando questionário sociodemográfico, Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20), Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE), Inventário de Depressão de Beck (IDB) e Inventário de Percepção de Suporte Familiar (IPSF). As análises foram realizadas no SPSS 31.0, com testes não paramétricos (Kruskal-Wallis), teste qui-quadrado, ANOVA e post hoc de Tukey e Games-Howell, adotando nível de significância de 5%. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE 69777023.5.0000.0020). RESULTADOS: A média de idade foi 22,3 anos (DP ± 4,47), predominando do sexo feminino (140, 75,2%). A renda familiar variou de até 1 salário-mínimo (1, 0,5%) a acima de 15 salários-mínimos (61, 32,8%). O escore médio do SRQ-20 foi 9,7 (DP = 4,89), acima do ponto de corte, indicando elevada prevalência de TMC. Não houve associação significativa entre tipo de bolsa/financiamento e SRQ-20 (p = 0,134). Observou-se escore mais elevado entre estudantes com menor renda (p = 0,006) e redução significativa nos escores entre aqueles que classificaram sua condição econômica como “muito boa” comparados aos que a avaliaram como “média” (p < 0,005). O teste de tendência linear indicou relação inversa entre renda e prevalência de TMC (p = 0,009). CONSIDERAÇÕES FINAIS: O estudo evidencia alta prevalência de sofrimento mental em estudantes da saúde, com associação entre menor renda e maior escore no SRQ-20, enquanto percepções econômicas mais positivas se relacionam a níveis inferiores de sofrimento. A ausência de associação com bolsas/financiamentos sugere que o fator protetor está mais ligado à renda e à percepção econômica do que ao recebimento de auxílio. Os achados reforçam a necessidade de políticas institucionais voltadas à mitigação de desigualdades socioeconômicas e ao fortalecimento de redes de apoio psicossocial, bem como a importância de investigações longitudinais para compreender a evolução desses quadros e avaliar intervenções.
PALAVRAS-CHAVE: Transtornos mentais; Estudante universitário; Perfil socioeconômico; Saúde mental; Perfil sociodemográfico.
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