A CRÍTICA HISTÓRICO-CONCEITUAL DE HANS JONAS AO DUALISMO ANTROPOCÊNTRICO
INTRODUÇÃO: O presente trabalho explora a crítica histórico-conceitual de Hans Jonas ao dualismo antropocêntrico, mostrando a raiz da crise ética e ecológica do mundo contemporâneo. A pesquisa analisou como a filosofia moderna e pensadores como Descartes trazem uma separação radical entre humano e natureza. Essa ruptura reduziu o mundo natural a um mero objeto de manipulação (extensa), sem valor intrínseco, enquanto elevou a consciência humana (res cogitans) a uma posição de soberania. OBJETIVOS: O trabalho busca compreender como a crítica de Hans Jonas ao dualismo moderno pode fundamentar uma ética adequada aos desafios ecológicos contemporâneos, propondo uma nova forma de pensar a relação entre ser humano, técnica e vida. MATERIAIS E MÉTODO: A pesquisa consistiu em análise bibliográfica e conceitual da obra de Hans Jonas, especialmente de sua “ética da responsabilidade” e da “ontologia da vida”, confrontando seus conceitos com o paradigma antropocêntrico da modernidade representado por Descartes. A abordagem foi teórico-interpretativa, com base na hermenêutica filosófica. RESULTADOS: Se opondo ao pensamento moderno, Jonas propõe uma “ontologia da vida” como um contraponto ético e filosófico. Para o autor, a vida, em sua vulnerabilidade e fragilidade, possui um valor para além do material e uma dignidade inerente. O dever da preservação não é apenas um ideal moral abstrato, mas uma resposta a uma exigência ontológica que está na própria estrutura do ser vivo — a de continuar a existir. Essa ontologia se torna a base para a ética da responsabilidade, que Jonas formula para enfrentar os desafios de um tempo marcado pelo poder técnico sem precedentes. Segundo Jonas, a técnica moderna criou um “descompasso moral”. Diferentemente das ações de pequeno alcance da moral tradicional, o poder tecnológico do nosso tempo tem consequências irreversíveis, afetando não apenas o presente, mas também as gerações futuras. Para lidar com esta nova realidade, a ética jonasiana não se baseia na reciprocidade imediata, mas na antecipação dos efeitos a longo prazo de nossas ações. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Ele, então, propõe um novo imperativo categórico: “Aja de modo que os efeitos de sua ação sejam compatíveis com a permanência de uma vida humana autêntica sobre a Terra”. Esse imperativo de responsabilidade é um chamado à humanidade, de modo que convida o homem a abandonar sua posição de dominador. A filosofia de Jonas não é um retorno a um passado antes da tecnologia, mas um esforço para guiar o progresso técnico por meio de uma ética que honre o valor da vida. Em um cenário de crise ecológica e incertezas morais, a crítica de Jonas ao dualismo moderno e sua proposta de uma ética da responsabilidade se mostram não só atuais como necessárias para a busca de uma consciência extra-humana.
PALAVRAS-CHAVE: Ética; Responsabilidade; Fragilidade; Vida; Dualismo.
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