INTERSECCIONALIDADE NO ENSINO SUPERIOR: UM OLHAR PARA AS VIVÊNCIAS DE INCLUSÃO DOS PROUNISTAS
INTRODUÇÃO: A vivência na universidade é uma fase de intensas transformações subjetivas para os(as) estudantes, exigindo posicionamentos diante de diversas demandas e impactando o seu desenvolvimento intelectual, social e afetivo. O ProUni ampliou o acesso ao ensino superior para grupos historicamente minorizados, mas esses(as) estudantes ainda enfrentam diferentes formas de discriminação, exclusões e barreiras, em decorrência dos marcadores sociais de raça, gênero, deficiência e classe social, dificultando sua permanência. A interseccionalidade permite compreender como essas opressões se articulam no cotidiano universitário e como essas vivências influenciam a construção dos sentidos de inclusão, permanência e pertencimento. OBJETIVOS: O objetivo geral é analisar as vivências de inclusão de discentes do ProUni no ensino superior privado, considerando os marcadores sociais de raça e deficiência. Como objetivos específicos, busca-se identificar as dificuldades dessas(es) estudantes, as práticas institucionais inclusivas e refletir sobre a discriminação e preconceito no contexto acadêmico. MATERIAIS E MÉTODO: Trata-se de uma pesquisa qualitativa. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 11 prounistas, que se identificam como negros e/ou pessoa com deficiência, de uma universidade privada do sul do país. As entrevistas foram transcritas na íntegra e utilizou-se um mapa dialógico para a organização dos dados, de acordo com os objetivos de pesquisa. Os discursos dos participantes foram analisados por meio da análise dialógica discursiva bakhtiniana, possibilitando compreender os sentidos atribuídos às vivências e desafios enfrentados por esses(as) estudantes. RESULTADOS: Os resultados evidenciam que a inclusão no ensino superior é vivenciada pelos prounistas de forma ambígua, sendo marcada por conquistas e frustrações. Por um lado, a entrada na universidade é associada a um sonho realizado e a uma oportunidade de transformação social e mudança de vida, por outro, o cotidiano acadêmico revela barreiras estruturais, como falta de acessibilidade, ingresso tardio, ausência de apoio institucional, preconceitos, discriminação, e diversas formas de violência, resultando em sentimento de não pertencimento. A vivência universitária, para esses(as) estudantes, exige um esforço adicional diante das desigualdades educacionais preexistentes, bem como rotinas exaustivas, em decorrência da conciliação entre trabalho, estudos e responsabilidades familiares, impactando sua saúde mental. Para muitos(as), o trabalho não é uma opção, mas condição para garantir a permanência. O ingresso é reconhecido não apenas como resultado do mérito individual, mas do apoio de políticas públicas, familiares, instituições e lutas cotidianas. O desconhecimento de políticas de inclusão e o enfrentamento de estigmas e preconceitos, reforçam o sentido de exclusão e de não pertencimento, sendo a representatividade e coletivos estudantis estratégias de resistência e pertencimento. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O ingresso no ensino superior, por meio do ProUni, é profundamente atravessado por marcadores sociais como raça e deficiência, que influenciam os sentidos de pertencimento, inclusão e exclusão. Para estudantes de grupos minorizados, a universidade impõe enfrentamentos diários diante do racismo, do capacitismo e da ausência de políticas efetivas de permanência. Ainda assim, emergem formas de resistência e redes de apoio que reafirmam o direito à ocupação desses espaços. A universidade, portanto, precisa assumir o compromisso com políticas interseccionais que garantam a permanência e o pertencimento desses(as) estudantes.
PALAVRAS-CHAVE: ProUni; Interseccionalidade; Permanência; Pertencimento; Vivência Acadêmica.
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