EVOLUÇÃO DO FOTOJORNALISMO NA TRIBUNA DO PARANÁ

INTRODUÇÃO: Este estudo investiga as funções comunicacionais da fotografia de caráter violento e sensível no jornal Tribuna do Paraná durante os meses de março e abril de 1964, um período marcado pela eclosão da ditadura militar no Brasil. Através da análise documental de 44 capas de jornal e 282 fotografias, a pesquisa revela como o veículo, de linha editorial popular, e voltado para a população urbana, utilizava imagens de crimes, acidentes e tragédias como uma ferramenta estratégica. OBJETIVOS: O objetivo geral da pesquisa é levantar funções comunicacionais para as fotografias de caráter sensível publicadas pela Tribuna do Paraná no ano de 1964. Os objetivos específicos da pesquisa são: a) Identificar níveis de sensibilidade que eram aceitos na época, de modo a tentar entender porque as imagens tinham tanto apelo do público; b) Identificar potenciais impactos que as fotografias exerciam nas páginas e nos leitores; e c) Apontar mudanças culturais das fotografias da Tribuna do Paraná em relação às fotografias publicadas atualmente. MATERIAIS E MÉTODO: A metodologia consiste na análise documental de 44 capas da Tribuna do Paraná (março-abril/1964), obtidas via microfilmes e originais, classificando 282 fotografias em quatro grupos temáticos: política, esporte, entretenimento e crimes, conforme critérios previamente definidos. RESULTADOS: A análise quantitativa demonstra a presença constante de fotografias de teor violento, mesmo em um período dominado por notícias políticas. Em março, 31% das imagens eram sobre crimes e, em quase todas as edições analisadas, havia alguma fotografia de cunho mórbido na capa. Qualitativamente, o estudo examina imagens explícitas de cadáveres, feridos e suspeitos, destacando como eram enquadradas para maximizar o impacto emocional, a fim de ganhar visibilidade. Este relatório argumenta que essas fotografias exerciam múltiplas funções: 1) afirmar a identidade sensacionalista do jornal; 2) atender à demanda de um público que possuía um “fascínio pelo mórbido”, cuja sensibilidade à violência era atenuada pelo conturbado contexto social e político; e 3) gerar engajamento e receita, mercantilizando a informação através de manchetes impactantes que complementavam o apelo visual. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A pesquisa conclui que, embora a Tribuna do Paraná mantenha traços sensacionalistas, houve uma significativa mudança cultural na percepção pública da violência. As práticas de 1964, que frequentemente violavam a privacidade e a dignidade das vítimas, contrastam com os padrões éticos atuais, evidenciando uma evolução na sensibilidade social e nas responsabilidades do fotojornalismo.

PALAVRAS-CHAVE: Fotojornalismo; Violência; ; Paraná; Sensacionalismo.