TRIBUNA DO PARANÁ: ANÁLISE DA COBERTURA JORNALÍSTICA DO VEÍCULO SOBRE OS MOVIMENTOS ESTUDANTIS
INTRODUÇÃO: Este estudo analisa a cobertura jornalística da Tribuna do Paraná sobre os movimentos estudantis durante a década de 1960, um período de intensa agitação social e política no Brasil, acentuado pelo Golpe Militar de 1964 e pela censura. A pesquisa questiona como a imprensa local cobriu esses eventos e qual o impacto na percepção pública e na construção da memória histórica. OBJETIVOS: O objetivo geral foi analisar as características dessa cobertura, compreendendo como o jornal representou os movimentos e se essa abordagem influenciou a opinião pública, especialmente em comparação com veículos concorrentes. Os objetivos específicos incluíram investigar a construção da imagem dos estudantes, verificar as narrativas predominantes e examinar os padrões de representação, identificando enquadramentos e tendências editoriais. MATERIAIS E MÉTODO: A metodologia empregada foi um estudo de caso documental de abordagem qualitativa, com um corpus de matérias publicadas pela Tribuna do Paraná entre 1964 e 1968. As notícias foram analisadas por meio de uma tabela categórica que avaliou o título, a data, o tom da cobertura, os enquadramentos e as referências à repressão policial. Para complementar, também houve comparação da cobertura da Tribuna do Paraná com o jornal Diário Popular. RESULTADOS: Os resultados demonstram que a imprensa local atuou como um ator político, e não como um observador neutro. A Tribuna do Paraná utilizou o silenciamento seletivo e a omissão calculada para desviar o foco de temas sensíveis, enquanto o Diário Popular optou por uma cobertura espetacularizada que deslegitimava a ação estudantil por meio do enquadramento, rotulando-os com adjetivos equivocados. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Ambas as estratégias convergiram para o controle do discurso e para a normalização da repressão. Em conclusão, a cobertura jornalística construiu um “pseudoambiente” onde a violência estatal parecia justificada. A pesquisa demonstra o esvaziamento da esfera pública quando a imprensa se torna um instrumento de poder, contribuindo para a construção de uma memória histórica alinhada aos interesses do regime. As limitações do estudo, como o recorte temporal e o corpus restrito, abrem caminhos para pesquisas futuras que possam expandir a análise para períodos de redemocratização e outras regiões do país.
PALAVRAS-CHAVE: Ditadura militar; Repressão; Tribuna do Paraná; Movimentos Estudantis.
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