CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL DOS PACIENTES ATENDIDOS EM AMBULATÓRIO DE TRATAMENTO PARA DEPRESSÃO

INTRODUÇÃO: A depressão afeta cerca de 350 milhões de pessoas no mundo e está muito associada a incapacidades. Embora tenha sido observado um aumento significativo dos casos de depressão no Brasil, especialmente após a pandemia, não houve um incremento substancial do acesso ao tratamento psiquiátrico no Sistema Único de Saúde. OBJETIVOS: Caracterizar o perfil de pacientes com busca espontânea para tratamento para depressão em ambulatório acadêmico e sua qualidade de vida auto-percebida. MATERIAIS E MÉTODO: O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa e envolveu adultos e idosos com sintomas auto-referidos de depressão. As atividades clínicas foram realizadas em ambulatório acadêmico da Escola de Medicina. Na avaliação inicial, foram analisados dados sociodemográficos, histórico médico e avaliação de ansiedade (GAD-7) e depressão (PHQ-9). Além disso, verificou-se a qualidade de vida auto-percebida pelo questionário EQ-5D-5L e, caso fossem confirmados os critérios diagnósticos, o paciente poderia ser convidado para iniciar o tratamento clínico ou, se presentes outras comorbidades psiquiátricas além de ansidedade, o paciente era encaminhado para ambulatório especializado. RESULTADOS: A amostra composta de 650 pacientes com busca espontânea para tratamento de depressão, com idade média de 54,6 ± 17,4 anos. Destes, 53,8% dos pacientes tinha mais de 12 anos de escolaridade e a maior parte era do gênero feminino. Destaca-se que 250 pacientes com sintomas auto-referidos não estavam em tratamento, sem uso de nenhuma medicação. Cerca de 50% dos pacientes com busca espontânea apresentavam depressão maior. Dos pacientes com diagnóstico de depressão, cerca de 60% apresentavam também ansiedade e 35% outras comorbidades psiquiátricas. Muitos pacientes apresentavam transtorno bipoliar, transtornos psicóticos ou depressão refratária. Além disso, verificou-se comprometimento da qualidade de vida destes pacientes.. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os resultados indicam que um número significativo de pacientes com sintomas depressivos, frequentemente associados a múltiplas comorbidades psiquiátricas, não recebia tratamento adequado, refletindo em importante comprometimento da qualidade de vida. Esses achados reforçam a urgência de estratégias que ampliem o acesso e a efetividade do cuidado em saúde mental no âmbito do Sistema Único de Saúde.

PALAVRAS-CHAVE: Depressão; Qualidade de Vida; Tratamento; Psicometria.