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INFLUÊNCIA DO DÉFICIT COGNITIVO SOBRE A ADESÃO AO TRATAMENTO FARMACOLÓGICO EM UMA POPULAÇÃO DE IDOSOS EM SEGUIMENTO AMBULATORIAL PELO SUS

BAMONTE, Samuel Roque de Miranda ¹; BAENA, Cristina Pellegrino ²
Curso do(a) Estudante: Medicina – Escola de Medicina e Ciências da Vida – Câmpus Curitiba
Curso do(a) Orientador(a): Medicina – Escola de Medicina e Ciências da Vida – Câmpus Curitiba

INTRODUÇÃO: O envelhecimento eleva a prevalência de doenças crônicas e o uso de múltiplos medicamentos, mas o declínio cognitivo pode prejudicar a adesão ao tratamento, aumentando a morbimortalidade e custos para o SUS. OBJETIVOS: Analisar a relação entre desempenho cognitivo global e adesão medicamentosa, além da associação entre adesão e domínios cognitivos específicos em idosos atendidos no SUS. MATERIAIS E MÉTODO: Foi realizado um estudo transversal com idosos (≥ 60 anos) de ambulatórios do SUS, excluindo primeiros atendimentos, recém-internados e casos de demência. A coleta foi presencial, com uso de prontuários, questionários e teste cognitivo. Avaliaram-se adesão medicamentosa por meio da Medida de Adesão ao Tratamento (MAT) e Beliefs about Medicines Questionnaire (BMQ adaptado) e a cognição pelo Montreal Cognitive Assesment (MoCA). Variáveis contínuas foram descritas pela mediana (mín–máx) e as categóricas por frequência (%). Comparações entre grupos cognitivos realizados com os testes de quiquadrado/Fisher e Kruskal-Wallis. Variáveis com p < 0,20 incluídas em regressão logística multinomial. Em idosos com cognição preservada, domínios do MoCA comparados segundo adesão (Mann-Whitney), seguido de regressão logística binária. Os resultados foram expressos em odds ratio (OR), intervalo de confiança de 95% (IC 95%) e p-valor; análises realizadas no SPSS v.2. RESULTADOS: A amostra incluiu 610 idosos (idade mediana de 70 anos, 60–94), sendo 58,7% mulheres; 62,5% apresentavam ensino fundamental incompleto. A mediana de comorbidades foi 5 (015) e de comprimidos diários, 8 (1–30); as comorbidades mais comuns foram cardiovasculares (84,8%) e endocrinológicas (82,6%), com destaque para hipertensão (69,8%) e dislipidemia (49,0%). A não adesão ocorreu em 26%, e 79,7% relataram dificuldades na adesão. Houve 13,4% com declínio cognitivo leve (DCL) e 20,5% com demência. As taxas de não adesão não diferiram entre os grupos (49,8% vs. 46,7% vs. 49,1%; p = 0,767). Nenhum domínio do MoCA associou-se à não adesão na regressão, embora, na análise bivariada, a atenção tenha sido significativamente maior no grupo “Cognição preservada” (p = 0,042). Crenças negativas sobre medicamentos aumentaram a chance de DCL (OR 2,29 [1,27–4,12]; p = 0,006) e demência (OR 2,20 [1,32–3,68]; p = 0,003), assim como uso de óculos (DCL: OR 1,84 [1,05–3,23]; demência: OR 2,57 [1,53–4,32]) e doenças reumatológicas (DCL: OR 2,03 [1,20–3,42]; demência: OR 1,78 [1,09–2,89]). Menor desempenho no teste de sentar e levantar (OR 0,93 [0,88–0,97]; p = 0,003) e sexo masculino (OR 1,67 [1,012,76]; p = 0,046) associaram-se apenas à demência. Indivíduos com sarcopenia tiveram menor chance de DCL (OR 0,59 [0,37–0,95]; p = 0,031) e demência (OR 0,54 [0,34–0,86]; p = 0,010) comparados aos com cognição preservada. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Não houve associação entre desempenho cognitivo global e adesão medicamentosa, nem entre não adesão e déficits cognitivos específicos em idosos sem declínio. Porém, maior atenção relacionou-se a melhor adesão. Crenças negativas sobre medicamentos associaram-se ao declínio cognitivo, sugerindo vínculo indireto com a adesão.

PALAVRAS-CHAVE: Idosos; Sistema Único de Saúde (SUS); Adesão medicamentosa; Cognição.

APRESENTAÇÃO EM VÍDEO

Legendas:
  1. Estudante
  2. Orientador
  3. Colaborador
Esta pesquisa foi desenvolvida com bolsa de Iniciação Científica no programa PIBIC da Fundação Araucária e da Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Edital Externo).

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