ANÁLISE EXPLORATÓRIA DA ADERÊNCIA AO TRATAMENTO FARMACOLÓGICO EM PACIENTES AMBULATORIAIS DO SUS
INTRODUÇÃO: A maioria dos idosos, cuja população representa 15,6% dos brasileiros, apresenta doenças crônicas que demandam o uso contínuo de medicamentos. A adesão ao tratamento farmacológico é fundamental para o controle adequado dessas enfermidades. Entretanto, a falta de adesão por parte dessa população é significante e tem se acentuado, podendo ser relacionada à múltiplos fatores, como características próprias do paciente, da doença e do sistema de saúde. Essa baixa adesão pode levar a complicações de saúde evitáveis, maior demanda por serviços médicos e aumento de custos. Diante disso, este projeto propõe uma análise da aderência ao tratamento farmacológico por pacientes ambulatoriais do SUS, visando compreender seus determinantes e, assim, contribuir para a formulação de estratégias que melhorem a qualidade de vida da população idosa e reduzam impactos negativos sobre o sistema de saúde. OBJETIVOS: Descrever níveis de cognição, funcionalidade e sobrecarga medicamentosa em idosos atendidos ambulatorialmente pelo SUS e analisar os possíveis determinantes de baixa adesão ao tratamento farmacológico. Além disso, avaliar o grau de adesão nessa população e investigar a associação com cognição e funcionalidade física e mental, identificando fatores sociais, econômicos e de saúde que possam interferir nesse processo e considerando o impacto das doenças crônicas e suas implicações na capacidade de adesão. MATERIAIS E MÉTODO: Trata-se de uma pesquisa observacional realizada com idosos (≥ 60 anos) atendidos ambulatorialmente, mediante consentimento livre e esclarecido. Foram conduzidas entrevistas estruturadas, durante as quais foram aplicados testes de função cognitiva, escalas de avaliação de funcionalidade e saúde mental. Para coleta de dados clínicos e sociodemográficos, foi realizada a revisão de prontuários eletrônicos. Os participantes compreenderam voluntários de ambos os sexos e gêneros. Os dados obtidos foram organizados em uma planilha do Microsoft Excel e analisados. RESULTADOS: A amostra foi composta por 610 idosos atendidos em ambulatórios do SUS. Destes, 26,1% foram classificados como não aderentes ao tratamento medicamentoso e 79,7% relataram ao menos uma dificuldade na adesão. Como preditores independentes de não adesão, foram identificados: crenças negativas sobre os medicamentos (OR=2,57), barreiras ou dificuldades no tratamento (OR=3,08) e maior nível de solidão percebida (OR=1,70). Em contrapartida, níveis mais altos de renda foram identificados como um fator protetor, aumentando em 24% a chance de adesão (OR=1,24). A presença de comorbidades neurológicas apresentou uma tendência à menor adesão (OR=0,60), porém não atingiu significância estatística (p=0,076) e, portanto, não é possível afirmar que exista uma associação verdadeira nessa amostra. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O estudo revelou que 26,1% dos idosos atendidos pelo SUS têm uma baixa adesão medicamentosa, associada principalmente a dificuldades no uso, crenças negativas e solidão. Esses achados reforçam a importância de considerar fatores clínicos e psicossociais nas estratégias de cuidado dessa população.
PALAVRAS-CHAVE: Adesão medicamentosa; Idosos; Sistema Único de Saúde; Baixa adesão; Doenças crônicas.
Para validarmos seu voto, por favor, preencha os campos abaixo. Alertamos que votos duplicados ou com CPF inválido não serão considerados.