O PORTUGUÊS COMO LÍNGUA DE ACOLHIMENTO – DESAFIOS CULTURAIS E METODOLÓGICOS ENCONTRADOS POR PROFESSORES DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA: UM ESTUDO DE CASO
INTRODUÇÃO: O presente projeto foi desenvolvido no Programa Lampedusa da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), que oferece aulas de Português como Língua de Acolhimento (PLAc) para migrantes, refugiados e apátridas. Diante de crises humanitárias e deslocamentos forçados, o Brasil tem se tornado destino de diversas pessoas em situação de vulnerabilidade. Nesse contexto, o PLAc não se limita ao ensino linguístico tradicional, mas propõe uma prática pedagógica sensível às questões culturais, identitárias e sociais dos estudantes. A partir dessa perspectiva, o ensino de português se transforma em ferramenta de acolhimento, escuta e inserção social, respeitando os múltiplos repertórios linguísticos e experiências de vida dos participantes. OBJETIVOS: A pesquisa analisa se o ensino de PLE no Programa Lampedusa está adequado aos migrantes, considerando cultura, vivência social e preparação para o Brasil. Também busca identificar as dificuldades culturais e metodológicas enfrentadas pelos docentes ao ensinar alunos de diferentes origens, apontando caminhos para tornar as aulas mais eficazes e inclusivas. MATERIAIS E MÉTODO: A pesquisa seguiu uma abordagem qualitativa, baseada em revisão bibliográfica, observação participante e aplicação de questionários. Na primeira fase, foram estudados textos teóricos sobre os temas da pesquisa. Em seguida, participei semanalmente das aulas no Programa Lampedusa, registrando observações sobre metodologias, interações e dinâmicas em sala. Por fim, foram aplicados questionários a oito professores e quarenta estudantes, com o intuito de levantar dados sobre suas experiências, desafios e percepções no contexto de aprendizagem. RESULTADOS: Os dados revelaram que os professores enfrentam desafios variados, como a adaptação de materiais, a comunicação inicial com alunos que não dominam o português e a necessidade de lidar com diferenças culturais e emocionais em sala de aula. Muitos professores também apontaram que o PLAc vai além do ensino da língua, exigindo sensibilidade para acolher vivências migratórias marcadas por rupturas. Do lado dos estudantes, observou-se uma percepção majoritariamente positiva sobre as aulas. A maioria reconhece a utilidade prática das atividades propostas, especialmente aquelas ligadas ao mercado de trabalho, evidenciando um alinhamento entre ensino e necessidades cotidianas. Também foi notado que diversas características da língua portuguesa são identificadas como semelhantes à língua materna dos alunos, como a escrita do alfabeto e a conjugação verbal, especialmente entre os falantes de espanhol. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O ensino de PLAc demanda um olhar pedagógico sensível às múltiplas dimensões que atravessam a experiência migratória. Mais do que ensinar regras gramaticais, trata-se de promover encontros, reconstruir vínculos e ampliar possibilidades de inserção social. A pesquisa realizada evidenciou que tanto docentes quanto discentes reconhecem o valor do PLAc como uma ferramenta de acolhimento e transformação. Ao integrar teoria, prática e escuta ativa, este projeto contribui para a construção de práticas educativas mais justas, plurais e comprometidas com a dignidade humana.
PALAVRAS-CHAVE: Português como Língua Estrangeira (PLE); Português como Língua de Acolhimento (PLAc); Programa Lampedusa (PUCPR); Desafios Metodológicos; Desafios Culturais.
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