A CULINÁRIA BRASILEIRA E A DIVERSIDADE CULTURAL: IDENTIFICAÇÃO DA NARRATIVA DOMINANTE ATRAVÉS DAS REDES SOCIAIS DE RESTAURANTES
INTRODUÇÃO: A Culinária Brasileira vai muito além de somente sabores, ela carrega história, cultura e luta. Durante anos, a formação da nossa culinária foi explicada como uma simples junção de diversas culturas, como a indígena, africana e portuguesa, mas essas influências na maioria das vezes são apresentadas de forma romantizada. Os autores como Gilberto Freyre e Câmara Cascudo destacam essa miscigenação em nossa cozinha, mas posteriormente Carlos Alberto Dória e Larissa Bueno criticam essa visão, onde eles argumentam a importância e necessidade de reconhecermos o quão complexa e desigual foi a formação da culinária brasileira. Ademais, o direito a uma alimentação adequada, que é reconhecida em documento, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) a Constituição Federal de 1988 e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (PIDESC). A gastronomia como campo interdisciplinar, tem um papel fundamental na valorização das culturas alimentares tradicionais, na promoção da soberania alimentar e no combate às desigualdades. Ao reconhecermos e respeitarmos a diversidade alimentar do nosso país, promovemos inclusão social e justiça alimentar. OBJETIVOS: Analisar como as narrativas dominantes da gastronomia brasileira são representadas nas redes sociais e sites de restaurantes, observando se há representação das culturas indígenas, africanas e de outras comunidades marginalizadas. MATERIAIS E MÉTODO: Foi realizada a leitura e fichamento do livro “Formação da Culinária Brasileira” de Carlos Alberto Dória. Em sequência, analisaram-se os 100 melhores restaurantes do Brasil, segundo a Revista Exame 2024, selecionando os que apresentavam algum conceito de culinária brasileira. Foram criadas tabelas com informações dos restaurantes e suas narrativas culinárias, comparando-as com o referencial teórico. RESULTADOS: Dos 100 restaurantes, 63 apresentavam relação com a culinária brasileira. A grande maioria dos restaurantes enfatizava técnicas e influências estrangeiras, como a francesa, italiana e asiática, reforçando ainda mais a ideia de “gourmetização” da cozinha nacional. De 63 restaurantes, apenas 1 destacou explicitamente a culinária afro-brasileira; e nenhum restaurante mencionou a influência indígena. Esta análise reforçou a crítica de Dória, que há uma tendência de “gourmetizar” a culinária brasileira e apagar suas origens. CONSIDERAÇÕES FINAIS: As redes sociais e os sites dos restaurantes reforçam narrativas elitizadas e eurocentradas da gastronomia brasileira, onde há pouca ou nenhuma valorização da contribuição indígena, africana e de outras comunidades marginalizadas, o que compromete o reconhecimento da diversidade e da verdadeira história da nossa culinária.
PALAVRAS-CHAVE: Culinária Brasileira; Restaurantes; Restaurantes brasileiros; Formação da Culinária Brasileira; História da alimentação no Brasil.
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