OS EFEITOS DO USO PROLONGADO DE BENZODIAZEPÍNICOS EM ESTUDANTES DO ENSINO SUPERIOR: UMA ABORDAGEM BIOPSICOSSOCIAL

Introdução: O uso de psicofármacos tornou-se uma estratégia comum para o enfrentamento do sofrimento emocional, destacando-se o consumo de benzodiazepínicos, com destaque em jovens adultos. Objetivos: O presente estudo teve como objetivo analisar os efeitos biológicos, psicológicos e sociais do uso prolongado de benzodiazepínicos em estudantes universitários de uma universidade privada do norte do Paraná, além de produzir um material orientativo para profissionais da saúde, visando aprimorar a prescrição e o acompanhamento clínico desses medicamentos. Materiais e método: A pesquisa adotou uma metodologia qualitativa, de caráter exploratório, com amostragem não probabilística por conveniência. Foi conduzida entre agosto de 2024 e agosto de 2025, por meio de um questionário online aplicado a 30 estudantes que fizeram uso prolongado de benzodiazepínicos (mínimo de 100 dias). O instrumento incluiu questões objetivas sociodemográficas e clínicas, questões discursivas e o Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20), validado para rastreio de sofrimento psíquico. Os dados quantitativos foram analisados por meio de tabelas e gráficos, enquanto os qualitativos (respostas discursivas) foram explorados por meio de nuvem de palavras e diagrama de rede, destacando termos centrais que expressam as experiências dos participantes. Resultados: Os resultados indicaram que ansiedade, insônia e depressão foram as principais motivações para o uso, que frequentemente ocorre em contexto de automedicação e sem acompanhamento profissional contínuo. O SRQ-20 revelou elevado índice de sofrimento psíquico (83,3%), e a maioria dos participantes relatou efeitos colaterais, como prejuízos cognitivos e sensação de dependência, impactando negativamente seu desempenho acadêmico e qualidade de vida. Os relatos qualitativos evidenciaram sentimentos ambivalentes, incluindo medo e culpa, revelando o caráter paradoxal do uso prolongado dos benzodiazepínicos. Considerações finais: Como conclusão, destaca-se a importância de estratégias de cuidado que ultrapassem a lógica farmacológica, promovendo ações que considerem a singularidade dos sujeitos. O material orientativo desenvolvido busca contribuir para práticas clínicas mais sensíveis às especificidades da população universitária e às características dos medicamentos benzodiazepínicos.

Palavras-chave: Benzodiazepínicos; Sofrimento psíquico; Estudantes universitários; Saúde mental; Medicalização.